quinta-feira, 9 de junho de 2011

Os Significados da Arte e da Filosofia da Arte

Pontifícia Universidade Católica
Arquitetura e Urbanismo
Escola Professor Edgar A. Graeff
Estética e História da Arte
Orientador Leandro Bessa
Março de 2011.



AITHESIS
Filosofia do Belo e Filosofia da Arte
Relatório Baseado No Livro Introdução À Filosofia Da Arte
De Benedito Nunes.


A Reflexão Filosófica E A Arte
1 – O Pensamento Antigo
A filosofia tem seu inicio na cultura grega. Os primeiros filósofos procuraram descobrir os elementos construtivos das coisas através da Natureza, criando assim o pensamento filosófico primordial. Os Sofistas contribuíram com o pensamento reflexivo-crítico.
Sócrates foi o primeiro a questionou o que a pintura poderia representar, o que a arte acrescentaria aos valores morais, profissões, governo e comportamento social.
Platão, discípulo de Sócrates, problematizou a atividade artística. Posteriormente, Aristóteles, discípulo de Platão, escreveu a Poética, a primeira obra de teoria sobre a arte.

2 – De Plotino a São Tomaz
Depois de algum tempo sem contribuições na filosofia da arte, Plotino concede à arte uma importância metafísica e espiritual, ao contrario do pensamento cristão inicial, que acreditava na arte como desvio do caminho espiritual.
Com o tempo voltou-se a tradição platônica, com atenção a importância filosófica e teológica da idéia de beleza. Para São Tomaz de Aquino é um dos aspectos fundamentais do ser, voltando a unir a idéia de Belo com a de divindade.
No medievo, a beleza é essencialmente de Deus, qualquer relação com a arte é considerada meramente coincidência.

3 – A Filosofia do Belo
No Renascimento houve a união teórica do Belo com a Arte, sendo a Natureza a fonte da verdadeira beleza que dará origem a obra de arte.
Após admitir que a beleza está esparsa nas coisas que nos deleitamos, Alexander Gottlieb Baumgarten fundou a filosofia da Estética (Teoria das Artes Liberais), sendo a ciência do Belo e da Arte.
Em si, o estudo da estética é a filosofia da arte.
“A arte (...) obedecendo a determinados princípios, tem por fim produzir artificialmente os múltiplos aspectos de uma só beleza universal (...).”


Estética e Filosofia da Arte
1 – A Estética
A filosofia da estética é vincular o estudo do Belo a uma perspectiva definida.
O Belo se manifesta principalmente pelas impressões visuais e auditivas para uma visão interior.
Mais próxima do sentimento do que da razão, para Addison, essa visão interior constitui uma faculdade inata, especifica, que é privilegio do homem. Já para Hutecheson o Belo é espiritual, mas sua produção depende de sensibilidade.
Relacionamos o Belo com uma determinada ordem de impressões, sentimentos, emoções, cujo deleite se basta a si mesmo, nesse caso, o ele é uno, completo e consistente por si só.
Estética é derivada de aithesis, que significa o que é sensível ou o que se relaciona com a sensibilidade.
Para Baumgarten, o fundador da Estética, em seu inicio, tinha o objetivo de estudar o Belo e suas manifestações na arte. Com o domínio da sensibilidade, percepção, sentimentos e imaginação é essa disciplina, considerada um conhecimento inferior com relação aos outros estudos da época.
A autonomia do domínio do Belo se deve a Emmanuel Kant. O Belo agrada sem conceito e nos causa uma satisfação desinteressada. A Estética ganha maior importância com três modalidades de experiências propostas:
Cognoscitiva - conhecimento Intelectual;
Pratica - fins morais; e
Estética – intuição e/ou sentimento que satisfazem.
A experiência estética é o Belo que se traduz nos aspectos subjetivos – conceito de Estética Psicologista: efeitos causados em cada individuo particularmente - e aspectos objetivos – que provem do próprio objeto: simetria, proporção, cores, etc.
Essa experiência tem caráter valorativo, mostra valores subjetivos do ser humano a ele mesmo.
Fenomenologia traz o conceito de contemplação, manifestação subjetiva, sensitiva e involuntária.

2 – Filosofia da Arte
Mesmo tentando separar e reconhecendo as diferenças entre Arte e Estética é perceptível que a Estética abrange muitas outras coisas além da Arte e o contrario, também, é verdadeiro.
A Arte reproduz a história e os valores sociais de cada época. A Estética dialoga com a Filosofia da Arte questionando os valores morais.
A própria arte traz a renovação da reflexão filosófica. A filosofia complexa de uma obra de Arte simples leva a refletir sobre todos os tipos de valores, tanto individuais, quanto coletivos.
“Quais são, finalmente, as conexões da Arte com a sociedade, a história e a cultura?”
Hoje o interesse pela arte é o maior já visto na história.

O Belo E A Arte
1 – Kállos, tékne, póiesis
Kállos – Belo, Tékne – Ars, artis: técnica e Póieses – Principio subjetivo da arte como se conhece hoje.
Póiesis tem mais proximidade do que é chamada Arte com a idéia de criação parecida com a criação da humanidade por Deus. Atualmente do que Ars, palavra que dá origem a Aris e que por sua vez origina Artis, Arte que é o mais próximo do conceito de técnica.
O Belo para os gregos era composto de três qualidades: estética (prazer momentâneo e involuntário), moral (verdade ‘superior’, equilíbrio das faculdades moralmente elevadas) e espiritual ou intelectual (conhecimento teórico).
É a qualidade de elementos em estado de pureza, com elementos puros adequados aos sentidos e composições equilibradas. Estado de pureza da alma.
Sócrates afirma que tudo que é útil é belo e que a beleza é patrimônio de almas equilibradas.
O objetivo da obra é tão ou mais importante que as outras características, pois traz uma verdade universal, por eles considerada divina.
Essa divindade advém do fato que a arte das Musas era utilizada para fomentar as virtudes e acalmar as paixões.
O homem vive em busca de paz e prazer que muitas vezes só encontramos em alguma apreciação artística, os gregos afirma que essa é uma procura da alma livre que foi aprisionada no mundo material e vislumbra o mundo superior através dessas expressões.
Aristóteles entendeu que a mimese, ou imitação, da realidade que é a essência comum nas artes.
O vislumbre do Belo traz o desejo de valores melhores.

2 – A doutrina Platônica
Platão, com a renovação por Plotino criou uma atitude e um estado de espírito em relação à Beleza e à Arte.
A tese metafísica é a idéia de que a essência é eterna e tem diferentes roupagens de acordo com a época. O amor leva a alma a vislumbrar um estado anterior de amplitude. O belo é o bem implícito com o impulso de amor.
Essa tese é abordada por varias culturas de formas diferentes, no Japão, o Bushido, o espiritismo, de Allan Kardec, a cultura chinesa fazem referencia a essa idéia.
Com isso o ser humano trava uma eterna batalha entre o sublime e sua parte mais voltada para a matéria, contra pré-conceitos, uma bipolaridade que a história tem referencias marcantes.
As impressões sensíveis fugazes e ilusórias são transmitidas pela matéria.
A arte liberta a alma dessa matéria, volta a origens superiores e traz a paz que sempre procuramos.
“O Amor, a serviço do Bem, acende na alma humana o desejo de imortalidade, fazendo-a passar do conhecimento dos belos corpos ao das belas ações, das belas almas aos belos conceitos, até que, no pináculo da contemplação, revela-se-lhe ‘O oceano da beleza universal’, que confina a realidade em si, e onde, finalmente, ela pode aplacar a sua infinita inquietação.”
Platão acreditava que as escultura e pinturas eram razas de conceito, por isso afirmava que os artesões que fabricavam ferramentas úteis produziam mais arte do que os escultores e pintores e já os poetas e músicos haviam recebido inspiração divina e produziam a verdadeira arte capaz de deixar o homem com o desejo de melhor seu potencial humano.
A arte nesse período tem um papel de prepara o homem para voltar a sua origem que é superior a matéria, ou seja, a poesia é a mimese da beleza de um plano superior e sua dignidade se encontra no ato de incutir o bem moral.

4 - Atividade Artística e Contemplação
Entre a arte como póiesis e a idéia do belo existe um longo caminho que encurtou no período de Aristóteles.
A natureza é independente do homem e tem sua beleza real, já a arte é uma criação humana, por isso reflete um pouco de artificialidade.
A matéria (Hyle – madeira ou material) necessita de uma forma (morphos), um principio ativo, para produzir um ser perfeito. Sendo essas mesmas causas aplicadas à arte e se identifica como idéia concebida pelo artista. Tanto o movimento natural quanto o prático (artístico) saem da mesma fonte.
As representações poéticas aproximam-se da natureza, como forma simplesmente alguma coisa ou como mimese.
“A tragédia, imitação de uma ação completa, acabada, necessita de caracteres: representa o essencial do destino humano naquilo que tem de grande, nobre e exemplar. O seu efeito estético, a catarse (Kátharsis), mostra-nos que essa representação exemplar estende a sua influência ao plano moral da vida.”
A catarse consiste na purificação dos sentimentos humanos, trazendo o prazer dentro da moral. Já Feio por ser moralmente distorcido provoca o riso.
“É que o belo na arte não coincide com a beleza exterior dos objetos, mas sim com a maneira de apresentar as coisas ou ações, a natureza assim ou o homem.”
Plotino introduz a beleza supra-sensível, sendo imutável e eterna e a alma que se agrada ao contemplá-la assemelha-se a ela. Nesse caso a beleza é a alma das coisas. Para ele, o feio é a ausência de forma, pois tudo que tem forma é belo.
A arte nos leva a conhecer a verdade através de seus signos. A arte, nesse caso é um principio espiritual.
Os pensadores cristãos acreditam que o belo e o verdadeiro se encontram apenas em Deus.
O homem deseja possuir o bem, apreender a verdade através da apreciação do belo, por estar mais próximo da verdade.
A arte consiste na boa execução das obras, mas não está diretamente relacionada com a Beleza.

Joanna Lustosa.

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