quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Imagem Como Narrativa

Pontifícia Universidade Católica
Arquitetura e Urbanismo
Escola Professor Edgar Albuquerque Graeff
Estética e História da Arte
Orientador Leandro Bessa
Junho de 2011.




Relação Entre Os Textos A Imagem Como Narrativa, De Alberto Manguel, O Olho E O Espírito, De Maurice Merleau-Ponty E O Filme Janela Da Alma.


Após muitos anos de estudos e influências artísticas, temos alguns autores que tratam da imagem de uma forma mais clara e firme. O livro pelo qual nos baseamos para tratar do assunto foi Lendo Imagens de Alberto Manguel, mais especificamente, o capitulo A Imagem como Narrativa.

O autor exemplifica e cita a imagem que passa uma mensagem, a narrativa de uma aventura ou história. Deixa claro, também, que existem diversos estilos de imagens, algumas que nos tocam de forma mais evidente e outras que não nos envolvem tanto.

Dentro desse conceito existem os que discordam com a ideia de que uma imagem pode ser ampla e deixar espaço para a inserção da experiência do observador, como Gustave Flaubert: “Porque a descrição literária é devorada pelo mais reles desenho”. Esse escritor acredita nas possibilidades da escrita dentro do mais intimo do leitor, e, de acordo, Manguel, acaba subestimando o poder e a influência da imagem.

Como afirma Maurice Merleau-Ponty, ao estudar a teoria da pintura como metafisica, toda imagem que permite “promiscuidade do vidente e do visível”¹ é artística. “Nada é mudado se ele não pinta apoiado no motivo: em todo caso, pinta porque viu, porque ao menos uma vez, o mundo gravou nele as cifras do visível”² , aqui ele mostra que mesmo sem perceber, o pintor quase sempre revela uma narração em sua imagem.

“Somos essencialmente criaturas de imagens, figuras.”³ Nesta frase, Manguel mostra o impacto de todas as imagens que são vistas desde a infância. Com referencias a Salomão, Platão e outros grandes nomes, reafirma a teoria de que toda imagem já foi vista, todas elas nos remetem a algo já existente no nosso intimo. Em Merleau-Ponty essa idéia revela algo crucial para o entendimento individual da imagem: que não é o artista que a vê e sim, a imagem que o vê, ou seja a imagem é o retrato da imagem do artista dentro daquela imagem. Então independente de como se formula essa imagem ela é a narrativa do artista, que aos olhos do espectador se torna a narrativa do espectador no artista. Então toda imagem é narrativa de alguma forma por trazer referencias anteriores.

Essa relação imagem-artista é bem exemplificada no filme Janela da Alma, onde todos foram questionados da mesma forma e cada uma dos entrevistados teve uma resposta e reação diferentes. Cada um focou no campo em que teve suas experiências, o que não enxergava através dos olhos, enxergava por outras referencias, tais como, tempo, altura sons e outros. E já alguns que enxergavam muito bem com os olhos físicos, na verdade enxergavam através de um véu das informações pré-existentes, como a cineasta que analisava tudo pelo trauma, ou a outra que via mais próximo o seu companheiro através das câmeras, por saber que o perderia em breve.

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¹Descartes, Discours IV. Págs 112-114.
²M. Merleau-Ponty, O olho e o Espírito, pág. 91.
³A. Manguel, Lendo Imagens, pág.21.


Joanna Lustosa

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